segunda-feira, 27 de maio de 2013

Seminário em São Paulo discute grandes coberturas do jornalismo esportivo


Nestário Luiz
26/5/2013

Foi realizado na última segunda-feira, dia 20, em São Paulo, o seminário “Jornalismo Esportivo: Grandes Coberturas”. O evento foi organizado pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) em parceria com a Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp).

Destinado a jornalistas, estudantes e interessados no tema, o seminário teve o objetivo de proporcionar troca de experiências, abordagem das coberturas integradas e utilização das redes sociais no trabalho jornalístico. O evento teve a participação de profissionais com experiências em grandes coberturas, com destaque para editores, repórteres e narradores de importantes meios de comunicação do Brasil.

Realizado no auditório do IICS, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, o seminário começou com a recepção do presidente da Aceesp, Luiz Ademar Jr., aos participantes.

Carlos Villanova. (Fotos: Nestário Luiz)
O primeiro palestrante foi Carlos Villanova, diretor de comunicação da Rio-2016, responsável pela estrutura das Olimpíadas do Rio Janeiro, que começam no dia 5 de agosto de 2016. Segundo ele, aproximadamente 11 mil atletas de 204 países estarão no Rio. Deve haver 25 mil jornalistas credenciados, sendo 8 mil repórteres, 70 mil voluntários e cerca 7 milhões de ingressos vendidos. Nas Paraolimpíadas, o Rio de Janeiro deve contar com 4.200 atletas de 164 países, 7 mil jornalistas credenciados, 30 mil voluntários e 2 milhões de ingressos vendidos.

Villanova destacou a importância de se entender o projeto da Rio-2016, que busca melhorias em diversos segmentos do Rio de Janeiro, como ambiente, estrutura, mobilidade e lazer. O porto da cidade, por exemplo, terá 15 mil árvores, 70 quilômetros de vias e 17 quilômetros de ciclovias.

Ele também ressaltou que será a primeira vez nos Jogos Olímpicos modernos em que apenas um prefeito administrará a competição, em que haverá dois parques olímpicos e em que serão realizadas disputas de remo no centro da cidade que recebe o evento.

Carlos Villanova se mostrou otimista quanto à realização das Olimpíadas no Brasil. “Os Jogos serão excepcionais. Espero que o projeto dos Jogos também seja”, declarou.

Direito de imagem
Gustavo Delbin.
O segundo assunto abordado foi direito de imagem. O presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, Gustavo Delbin, explicou que todas as pessoas têm direito de personalidade desde o nascimento, de acordo com o Código Civil. Segundo ele, o direito de imagem pode ser comercializado, mediante autorização e contrato.

Delbin ressaltou diversas situações envolvendo direito de imagem de atletas, especialmente jogadores de futebol. Ele afirmou, por fim, que, segundo a Constituição Federal, todos têm direito a ressarcimento por uso não autorizado da imagem.

Meios digitais
Na sequência do seminário, foram discutidas as possibilidades de cobertura integrada com os meios digitais. Participaram jornalistas do SporTV, Lance!, R7 e Terra. A mediação foi do comentarista Maurício Noriega, do SporTV.

O editor do Lance! Alessandro Abate destacou que os repórteres devem sempre estar dispostos a contar boas histórias e a realizar trabalhos em diversas mídias. O jornal, por exemplo, conta com conteúdo em edição impressa, no site e em um canal na internet com vídeos.

O chefe da redação de São Paulo do SporTV, André Fontenelle, afirmou que “TV se faz com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Segundo ele, a emissora exibe 5 mil eventos ao vivo por ano e possui 3 mil horas de jornalismo anuais, com sete programas diários.

A partir da esquerda: Allen Chahad, Alessandro Abate,
André Fontenelle, Luiz Pimentel, Maurício Noriega
e Luiz Ademar Jr.
Fontenelle destacou a cobertura do SporTV para a última edição da Eurocopa, competição de futebol com as melhores seleções da Europa, realizada em 2012. A emissora enviou cinco equipes de reportagem para a Polônia e a Ucrânia, países que receberam a competição. Ele finalizou ressaltando que 54 milhões de pessoas no Brasil têm acesso à TV por assinatura.

Luiz Pimentel, diretor de redação do portal R7, criticou a banalização de alguns setores do esporte, exemplificando com a participação de Neymar numa novela da TV Globo. Ele também afirmou que a internet pode ser nociva ao jornalismo, se usada como fonte principal de informações.

O ex-repórter do portal Terra Allen Chahad destacou que as pessoas leem, sim, textos longos na internet, desde ele eles sejam bons. Para Chahad, todas as informações apuradas devem ser publicadas na matéria de internet. “A audiência deve ser acostumada com conteúdo de qualidade”, completou.

Alessandro Abate também criticou o modelo educacional do ensino superior. Para ele, é preciso driblar o problema do “copia e cola” e da falta de boas reportagens com treinamento e capacitação para os jornalistas recém-formados.

Abate ainda falou sobre a discussão que costuma haver na redação sobre publicar um furo de reportagem, ou seja, uma informação obtida com exclusividade, no site do jornal ou na edição impressa do dia seguinte. “É preciso que haja bom senso, é uma decisão que deve ser tomada entre o repórter e o editor. Para que a informação seja guardada até o dia seguinte, o repórter tem que garantir que ela não vai vazar”, afirmou.

Twitter e Facebook
A partir da esquerda: Sérgio Lüdtke, Eduardo Generoso
e Ana Brambilla.
O tema seguinte foi a possibilidade de os meios de comunicação explorarem o Twitter e o Facebook na cobertura esportiva.

Eduardo Generoso, diretor de projetos da ESM e responsável pelas redes sociais do Corinthians, apontou diferenças entre o Twitter e o Facebook. No Twitter, há informação, texto, aderência, crítica e crescimento moderado da audiência. Já as características do Facebook são informação, imagem, dispersão, exibição, humor e crescimento acelerado da audiência.

A editora de mídias sociais da Editora Globo, Ana Brambilla, destacou que as redes sociais podem gerar boas pautas. De acordo com ela, é preciso monitorar as redes sociais e seus usuários e sair da obviedade. Brambilla exemplificou afirmando que o Twitter não pode falar, durante um jogo de futebol, o que acabou de passar na televisão. “As redes sociais têm que ter postagens mais pontuais”, declarou.

Sérgio Lüdtke, coordenador do programa avançado em Jornalismo Digital, destacou que as Olimpíadas de 2008 tiveram 4,3 bilhões de pessoas assistindo às competições pela televisão em todo o mundo. Afirmou, também, que naquele ano houve a primeira cobertura de uma Olimpíada pelo Twitter, realizada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Grandes coberturas
O seminário foi encerrado com a participação de Milton Leite, narrador do SporTV e da TV Globo, e Fernando Fernandes, repórter da TV Bandeirantes, que falaram sobre suas experiências em grandes coberturas esportivas.

Milton Leite (à esquerda) e Fernando Fernandes.
Leite destacou o respeito dos organizadores de grandes eventos com a imprensa, com preocupação com posição de transmissão e acesso à internet para os jornalistas. No Brasil, segundo ele, isso não existe.

Fernandes afirmou que a imprensa é um negócio e que por isso os organizadores são tão sérios com os jornalistas. Ele também ressaltou a oportunidade de encontrar nas grandes coberturas pessoas do mundo todo. “É uma oportunidade rara”, declarou.

Milton Leite também ressaltou a chance de conhecer jogadores e equipes desconhecidos nas grandes coberturas. Ele brincou com o fato de os times da Coreia do Sul terem muitos jogadores chamados Kim. “É uma experiência única e muito interessante”, afirmou.

Os dois jornalistas finalizaram o seminário com dicas aos participantes. “Não deve haver preconceito com as outras editorias do jornalismo. É preciso conhecer um pouco de tudo. Quando apresentei programas de variedades no rádio, por exemplo, aprendi bastante e adquiri muita experiência”, declarou Milton Leite. “Relacionamento, bate papo e observação são essenciais para o jornalista”, completou Fernando Fernandes.

Entrevistas
Eu participei do seminário “Jornalismo Esportivo: Grandes Coberturas” e tive a oportunidade de entrevistar Milton Leite e Fernando Fernandes. Minha participação teve o apoio do portal assisnoticias.com.

As entrevistas foram exibidas no programa Circuito Esportivo, da Rádio Fema FM, na última sexta-feira, dia 24, e podem ser acessadas a seguir: Milton Leite e Fernando Fernandes.



Maurício Noriega.

Milton Leite.

Jornalistas, estudantes e interessados participaram do seminário.

Eu participei do seminário "Jornalismo Esportivo: Grandes Coberturas"

Eu e Milton Leite.

Com Fernando Fernandes.

Eu e Maurício Noriega.

No seminário, os participantes receberam edições da Revista Imprensa
e do Anuário do Futebol paulista e brasileiro.

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