História de ônibus

Estou torcendo pelo sucesso
desse garotinho. (Foto: Blog
Mensagem Amizade)

Nestário Luiz

4/3/2011

Há algumas semanas um garotinho de uns 14, 15 anos começou a andar no mesmo ônibus que eu pego para ir ao trabalho. Nunca conversei com ele, mas sabia que ele saía de Assis para estudar em Cândido Mota, em período integral.

Já admirava a força de vontade desse rapazinho, até que na viagem de hoje cedo eu ouvi a história dele. Ele não contou diretamente para mim, mas eu, ali bem próximo, não pude deixar de ouvir.

Ele e sua família moravam em Cândido Mota até o dia 25 de janeiro deste ano, quando a mãe dele morreu. Segundo o garoto, ela tinha problemas no coração já há alguns anos e estava tentando um transplante. Não deu tempo. Ela tinha 48 anos.

Notei a força do menino ao falar da morte da mãe, tão recente, com tamanha naturalidade. Imagino que a dor de contar um fato como esse seja muito grande. Após perder a mãe, ele e seu pai, um cabo da Polícia Militar, se mudaram para a casa de um parente em Assis.

Como o garoto já havia sido aprovado no vestibular do Colégio Agrícola de Cândido Mota, ele não abandou o projeto e atualmente está cursando o ensino médio (imagino, pois não sei a idade dele) de manhã e fazendo um curso de técnico agropecuário à tarde. Ele disse que acorda às 5h30 para poder pegar o ônibus por volta das 6h20.

Descobri que o menino passou a andar no mesmo ônibus que eu graças à burocracia de uma outra empresa que também faz a linha Assis-Cândido Mota. Ele não estava conseguindo fazer sua carteirinha de estudante para pagar meia passagem lá. Assim, ele começou a andar no ônibus da empresa que eu uso, onde felizmente conseguiu sua carteirinha.

Durante o restante da viagem vim pensando naquele garotinho bonito, educado e muito esforçado. Ele perdeu a mãe, mudou de cidade, deve ter deixado amigos para trás, mas mesmo assim está preocupado com sua educação e seu futuro profissional. Está fazendo seu curso regular e também um adicional, já pensando em quando concluir o ensino médio.

Nas próximas viagens darei um jeito de conversar com ele e dizer o quanto o admiro. Da história desse garoto tiro a lição de que devemos valorizar muito nossa mãe, antes que uma tragédia acabe por tirá-la de nossas vidas, como ocorreu com ele. E também a buscar forças para superar as dificuldades, os dramas e as tristezas para dar continuidade à vida e seguir buscando o sucesso pessoal e profissional.

Que esse menino seja muito feliz ao lado do pai, dos familiares e dos amigos, porque ele merece muito. E que a mãe dele, esteja onde estiver, abençoe cada passo e cada atitude do filho. Eu virei fã desse garotinho!