sábado, 9 de julho de 2011

Memórias de minhas contas tristes


Nestário Luiz

(Foto: diariodaserra.net)
Quando eu era mais novo, ficava ouvindo pessoas mais velhas falando de contas. Nas novelas, nas reuniões de família e até em telejornais era comum se falar da dificuldade de conseguir pagar todas as contas. E sempre me vi meio distante desse mundo.

Confesso que eu imaginava que passaria por essa situação daqui a muitos anos, provavelmente quando eu me casasse e me tornasse um dos responsáveis por uma casa e uma família.

As coisas, no entanto, tomaram um rumo diferente. E mais rápido. Eu cresci e logo apareceram as responsabilidades. Com elas, as contas.

Antes de chegar às contas, tenho de falar de dinheiro. Um está ligado ao outro, não? Por isso agradeço por ter um trabalho. Esse é o ponto de partida para quem precisa pagar suas contas. Não para todos, admito, e esse é um problema social grave. Mas não vou me aprofundar nessa questão, senão só terminarei o texto de madrugada, sendo que o objetivo é ser conciso.

Questão “trabalho” resolvida, começaram a aparecer as contas. Primeiro foi a faculdade. E vou dizer: uma senhora conta. Mesmo eu não dizendo o valor da mensalidade, você pode imaginar quanto custa uma faculdade particular. É caro, garanto.

Neste momento da minha vida, a faculdade é o principal compromisso financeiro. Por isso, qualquer despesa a mais só seria possível com os recursos destinados aos estudos devidamente garantidos.

Assim, chegou o cartão de crédito. Sim, o tão odiado e amado (ao mesmo tempo, claro) cartãozinho de crédito. Aderi a essa facilidade por um bom motivo: exatamente a facilidade. Nem sempre temos dinheiro e, num caso de emergência, pode ser preciso fazer um pagamento. Essa emergência ainda não aconteceu comigo (ainda bem), mas eu continuo com o cartão. Atenção, amigo leitor: eu o uso com moderação. Costumo usá-lo, principalmente, em compras pela internet. Presencialmente são raras as oportunidades em que uso o cartão.

Aí em fevereiro deste ano eu criei uma terceira conta fixa. É um luxo que eu nunca tive e resolvi me dar. Apesar do preço alto (pelo menos para o meu padrão econômico), instalei TV a cabo em casa e, agora, tenho acesso aos canais (principalmente os esportivos) por assinatura. Para quem gosta de esporte, isso é uma coisa fantástica. Transmissões, programas, debates, ou seja, esporte o dia todo. O esforço para conseguir pagar é recompensado.

Antes de finalizar, um ato bobo, mas simbólico: o de receber as contas pelo correio, com o seu nome estampado no campo do destinatário. Eu abro a caixinha de correspondências, vejo minhas contas e tenho dois sentimentos simultâneos: “contas, contas!”, mas logo em seguida me sinto orgulhoso pelo meu curso superior e meus canais a cabo.

Quanta responsabilidade, não acha? Isso porque são só três contas. Será que o futuro me reserva outros boletos? Mas vou deixar para depois. Por enquanto, fico com essas memórias de minhas contas tristes.

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